Assim como a música e a dança estão baseadas em princípios de harmonia universais, mas se manifestam diferentemente em cada cultura, o Dharma é a expressão da verdade universal (rta), que se manifesta distintamente em cada religião. Assim como não há uma “maneira certa” de dançar, não há uma única forma de viver o Dharma. É preciso apenas acalmar a mente para conseguir ouvir a orquestra cósmica e depois deixar a música te levar.
Devemos também lembrar que a Verdade última não é um objeto estático para ser contemplado ou possuído, mas pura consciência dinâmica. O Dharma, assim como a música, não pode ser apreendido pela razão ou capturado por uma câmera fotográfica, mas pode ser “ouvido” e “dançado” por aqueles que conseguiram se sintonizar à divina sinfonia.
Refletindo sobre a música divina que permeia o universo, o poeta indiano Rabindranath Tagore escreve:
A luz da tua música ilumina o mundo. O sopro vital da tua música corre de céu em céu. A sagrada torrente da tua música rompe todos os obstáculos de pedra e jorra. (Gitanjali 3)
Não é à toa que a imagem suprema da perfeição espiritual segundo o Bhagavata Purana, um dos textos mais reverenciados da Índia, é a divina dança circular das gopis com Krishna. Essa dança representa o estágio mais sublime de amor a Deus, quando a alma se une ao seu amado Senhor despojada de qualquer vestígio de ilusão material.
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